Segundo o Gizmodo, um número crescente de advogados norte-americanos está recorrendo à inteligência artificial generativa para redigir petições e documentos legais, e o resultado tem sido desastroso.
A tendência, inicialmente vista como forma de agilizar tarefas burocráticas, vem expondo uma onda de “gambiarras digitais” que incluem textos com citações falsas, precedentes inexistentes e argumentos inteiramente fabricados por chatbots.
O problema ganhou destaque após o New York Times revelar que tribunais em diferentes estados dos EUA já começaram a aplicar multas e outras punições a advogados flagrados usando ferramentas como o ChatGPT de maneira descuidada.
Embora a American Bar Association permita o uso de IA em atividades jurídicas, a recomendação é que os profissionais verifiquem o conteúdo antes de submetê-lo. Essa verificação, porém, vem sendo ignorada com frequência preocupante.
De ferramenta útil a vexame público
Casos de petições com jurisprudências inventadas e citações equivocadas se multiplicaram a ponto de alguns profissionais começarem a rastrear os erros de seus colegas. O advogado francês Damien Charlotin criou um banco de dados público para documentar falhas cometidas por profissionais que usaram IA sem a devida checagem. Até agora, o site lista mais de 500 ocorrências.
Há, inclusive, uma rede de advogados que se dedica a identificar e divulgar abusos, numa tentativa de conter o uso irresponsável da tecnologia e preservar a credibilidade da profissão.
“Esses casos estão manchando a reputação da advocacia”, afirmou ao New York Times o professor de ética Stephen Gillers, da Escola de Direito da Universidade de Nova York. “Advogados do mundo todo deveriam se envergonhar do que alguns colegas estão fazendo.”






