O objeto interestelar 3I/ATLAS tem sido um mistério desde que apareceu no nosso Sistema Solar. Ao que tudo indica, trata-se de um cometa originado em outro sistema estelar e que foin ejetado de lá por perturbações gravitacionais, relata o Universe Today. Ele vem liberando vapor d’água à medida que se aproxima do Sol, formando assim sua calda. No entanto, o corpo celetes também apresentou comportamentos anômalos, levantando especulações de que poderia ser um visitante interestelar de outro tipo – ou até mesmo uma nave alienígena.
Não é surpresa, portanto, que cientistas e o público queiram observá-lo mais de perto. Por enquanto, duas sondas espaciais em órbita de Marte, o ExoMars TGO e a Mars Express, ambos da Estação Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), forneceram a visão mais próxima do cometa até agora.
As duas missões capturaram imagens do 3I/ATLAS com suas câmeras quando ele passou a cerca de 30 milhões de quilômetros de distância de Marte no começo deste mês.
O ExoMars TGO registrou uma série de imagens com seu sistema CaSSIS (Colour and Stereo Surface Imaging System), enquanto a Mars Express tirou fotos com sua câmera HRSC (High Resolution Stereo Camera).
Segundo o Universe Today, esses instrumentos foram projetados para fotografar a superfície de Marte, a apenas algumas centenas ou milhares de quilômetros abaixo, quando bem iluminada. Por isso, havia incerteza sobre o que conseguiriam captar de um objeto relativamente tênue a milhões de quilômetros de distância.
Embora o CaSSIS não tenha conseguido distinguir o núcleo da coma (nuvem difusa de gás e poeira que envolve o núcleo de um cometa), ela aparece na imagem. O tamanho total da coma não pôde ser medido, pois o gás e a poeira vão desaparecendo quanto mais afastados do núcleo. Segundo a ESA, obter imagens deste núcleo com um quilômetro de diâmetro seria tão impossível quanto ver um celular na Lua da Terra. Além disso, a cauda é bem mais tênue que a coma e, por isso, não aparece nas imagens.
“Esta foi uma observação muito desafiadora para o instrumento. O cometa é cerca de 10.000 a 100.000 vezes mais fraco do que o nosso alvo habitual”, disse Nick Thomas, pesquisador principal da câmera CaSSIS.
O 3I/ATLAS ainda não se revelou nas imagens da Mars Express, em parte porque elas foram tiradas com um tempo de exposição de apenas 0,5 segundos, em comparação com cinco segundos para a ExoMars TGO. Mas os cientistas planejam analisar os dados de ambas as sondas e combinar as imagens para obter uma visão mais detalhada do objeto.
Em novembro, a sonda Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE) da ESA estará em posição para observar 3I/ATLAS após sua máxima aproximação do Sol. Os dados devem estar disponíveis em fevereiro e devem revelar mais detalhes sobre o cometa, que estará em um estado mais ativo.
Originário de fora do nosso Sistema Solar, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro cometa interestelar já visto, seguindo o 1I/ʻOumuamua em 2017 e o 2I/Borisov em 2019, segundo a ESA.
Todos os planetas, luas, asteroides, cometas e formas de vida em nosso Sistema Solar compartilham uma origem comum. Mas os cometas interestelares são verdadeiros forasteiros.
O cometa 3I/ATLAS foi avistado pela primeira vez em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS, no Chile. Desde então, astrônomos têm usado telescópios terrestres e espaciais para monitorar seu progresso e descobrir mais sobre ele.
Com base em sua trajetória, os astrônomos suspeitam que o 3I/ATLAS possa ser o cometa mais antigo já observado. Ele pode ser três bilhões de anos mais velho que o Sistema Solar, que já tem 4,6 bilhões de anos.