A calça jeans é uma das versáteis do mundo da moda, presente no guarda-roupa de quase todos os brasileiros. Mas por trás de sua multiplicidade, está uma cadeia produtiva de alto custo ambiental. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a fabricação de uma única calça pode consumir quase 4.000 litros de água e envolver processos de tingimento com substâncias químicas poluentes.
Para reduzir esse impacto ambiental, as principais varejistas de moda brasileiras estão desenvolvendo projetos para reduzir o consumo de água e promover a moda circular. A Riachuelo, do Grupo Guararapes, é uma delas. Em setembro, a marca nordestina lançou a linha Pool Loop, coleção de jeans composta por cerca de 25% de algodão reciclado e 75% de algodão ABR virgem (Algodão Brasileiro Responsável).
Inovação de Resultado:
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Para a produção das peças com algodão reciclado, a Riachuelo utiliza apara têxteis dos fornecedores de jeans da marca — aquelas sobras de tecido de cortes das peças.
“Conforme eu faço esse apara de algodão ter valor industrial, o próximo passo é que o cliente nem pare para pensar que a peça é reciclada da mesma forma que uma latinha de cerveja e de refrigerante. O jeans tem que chegar nesse lugar”, afirma Taciana Abreu, diretora de sustentabilidade da Riachuelo.
Segundo Taciana, para a produção da primeira coleção Pool Loop foram reaproveitadas 9,4 toneladas de aparas jeans que deram origem a mais de 420 mil peças divididas em nove modelos masculinos e três femininos. No total, foram mais de 58 mil metros de tecido.
Além das araras
A iniciativa também se estende para além das araras. As mais 225 lojas da Riachuelo no país contam com coletores de roupas para os clientes devolverem suas peças usadas. As roupas passam por triagem e têm diferentes destinos de acordo com seu estado e composição: as que ainda podem ser usadas são doadas a bazares solidários; as 100% algodão vão para reciclagem e as demais são destinadas ao coprocessamento, se transformando em energia.
A diretora de sustentabilidade da Riachuelo admite que projetos de moda circular não são exclusividade da marca. A Renner comprou o brechó virtual Repassa em 2021 e a C&A também possui movimento para arrecadar roupas usadas, por exemplo.
De acordo com Taciana, a sustentabilidade é um desafio que deve ser enfrentado pelo setor. “Temos ótimos exemplos no mercado. Ninguém vai resolver esse problema [impacto ambiental] sozinho. Todo mundo tem que fazer a sua parte”, destaca ela.
Em um projeto futuro, Taciana afirma que a Riachuelo planeja levar o projeto de reciclagem de tecidos para além das sobras de tecidos dos fornecedores e investimento de um grande projeto de circularidade na fábrica do Rio Grande do Norte, que já está em curso. “Esse será o primeiro o nosso primeiro grande projeto de circularidade no Nordeste, que vai nos ajudar a escalar o nosso projeto de circularidade. Temos um corte de 40 milhões de peças por ano”, projeto a diretora.