O Google quer expandir o futuro da inteligência artificial além dos limites terrestres — literalmente. A empresa revelou na terça-feira (4) o Projeto Suncatcher, uma proposta de pesquisa que pretende instalar chips de IA em satélites alimentados por energia solar, transformando o espaço em um novo ambiente para data centers.
“No futuro, o espaço poderá ser o melhor lugar para escalar a computação de IA. Partindo desse princípio, nosso novo projeto ambicioso de pesquisa, o Projeto Suncatcher, prevê constelações compactas de satélites movidos a energia solar, transportando TPUs (Unidades de Processamento de Turing) do Google e conectados por links ópticos no espaço livre. Essa abordagem teria um enorme potencial de escalabilidade e também minimizaria o impacto sobre os recursos terrestres”, escreveu Travis Beals, diretor sênior do Google para Paradigmas de Inteligência, em uma postagem de blog.
Ele acrescentou que o “Sol é a fonte de energia suprema em nosso sistema solar, emitindo mais energia do que 100 trilhões de vezes a produção total de eletricidade da humanidade. Em uma órbita adequada, um painel solar pode ser até 8 vezes mais produtivo do que na Terra e gerar energia quase continuamente, reduzindo a necessidade de baterias”.
No texto, ainda explicou que o sistema proposto consiste em uma constelação de satélites interligados, provavelmente operando em uma órbita baixa da Terra síncrona com o Sol, do amanhecer ao anoitecer, onde estariam expostos à luz solar quase constante.
“Essa escolha orbital maximiza a captação de energia solar e reduz a necessidade de baterias de bordo de grande porte”, acrescentou. Mas ele recongeceu que, para que esse sistema seja viável, diversos obstáculos técnicos precisam ser superados. São eles: alcançar enlaces intersatélites em escala de data center, controlar grandes formações de satélites agrupados, tolerância à radiação dos TPUs e viabilidade econômica e custos de lançamento.
“Nossa análise inicial mostra que os conceitos fundamentais da computação de aprendizado de máquina baseada no espaço não são inviabilizados por princípios físicos básicos ou barreiras econômicas intransponíveis. No entanto, desafios de engenharia significativos permanecem, como gerenciamento térmico, comunicações terrestres de alta largura de banda e confiabilidade do sistema em órbita”, pontuou Beals.
Para começar a abordar esses desafios, o próximo passo do Google é uma missão de aprendizado em parceria com a Planet, com lançamento previsto de dois satélites protótipos até o início de 2027. Este experimento testará como os modelos e hardware TPU operam no espaço para validar o uso de links ópticos intersatélites para tarefas de aprendizado de máquina distribuídas.
“Eventualmente, constelações de satélites na escala de gigawatts poderão se beneficiar de um design mais radical, que combine novas arquiteturas de computação mais adequadas ao ambiente espacial com um projeto mecânico no qual a coleta de energia solar, o processamento e o gerenciamento térmico estejam intimamente integrados”, indicou o diretor sênior do Google para Paradigmas de Inteligência. E completou: “Assim como o desenvolvimento da complexa tecnologia de sistemas em chip foi motivado e viabilizado pelos smartphones modernos, a escala e a integração ampliarão as possibilidades no espaço”.






