O ex-rei da Espanha, Juan Carlos, de 87 anos, confirmou em sua autobiografia recém-lançada que foi responsável pela morte acidental de seu irmão, o príncipe Afonso, em 1956. O episódio, que sempre foi cercado de mistério, aconteceu quando o monarca tinha 18 anos e o irmão, 14.
Na época, a família real espanhola divulgou apenas uma breve nota, informando que “enquanto Sua Alteza Afonso limpava um revólver com o irmão, um disparo acidental o atingiu na testa, causando sua morte em poucos minutos”. O acidente ocorreu na casa da família em Portugal, após o jovem voltar de uma missa em que havia recebido a comunhão.
Em seu livro Reconciliación (“Reconciliação”, em tradução livre), escrito em parceria com a autora francesa Laurence Debray, Juan Carlos aborda o episódio no capítulo intitulado A Tragédia. Ele relata, pela primeira vez, os detalhes do ocorrido: “Nós tínhamos retirado o carregador e não sabíamos que havia uma bala na câmara. Um tiro foi disparado para o alto, ricocheteou e acertou meu irmão no meio da testa. Ele morreu nos braços de nosso pai.”
O ex-monarca afirma que nunca se recuperou do acidente. “Eu não gostava de falar sobre isso, e esta é a primeira vez que falo. Sua gravidade me acompanhará para sempre”, escreveu. Não houve investigação judicial sobre o caso.
Juan Carlos foi coroado rei da Espanha em 1975, após o fim da ditadura de Francisco Franco, e abdicou do trono em 2014, dando lugar ao filho, o atual rei Felipe VI.
Em entrevistas recentes de divulgação do livro, o rei emérito também negou rumores de que teria se envolvido romanticamente com a princesa Diana, afirmando que ela era “fria, taciturna e distante, exceto na presença de paparazzi”.
A revelação encerra décadas de especulações sobre um dos episódios mais trágicos e discretos da história da família real espanhola.





