BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta sexta-feira (5) ter sido escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como candidato do grupo para disputar a Presidência da República nas eleições do ano que vem.
Ele avisou aliados e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), antes do anúncio, consolidado após visita ao pai na prisão na terça-feira (2), na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Os dois conversaram por cerca de meia hora.
O senador viajou para São Paulo nesta quinta-feira (4) para informar a decisão de Bolsonaro ao governador de São Paulo.
A escolha de Flávio foi revelada inicialmente pelo portal Metrópoles e, nesta tarde, o senador publicou um texto em suas redes sociais dizendo que não vai ficar de braços cruzados.
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu.
“Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada.”
A escolha de Flávio mantém o sobrenome Bolsonaro em evidência -atenuando o receio do ex-presidente de ser esquecido pelo centrão enquanto cumpre pena em regime fechado por tentativa de golpe de Estado.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, divulgou nota nesta tarde informando que Flávio é o nome indicado por Bolsonaro para representar o partido na disputa presidencial.
“Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura. Então, se Bolsonaro falou, está falado”, publicou.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em junho, o senador afirmou que, para receber o apoio de Bolsonaro nas eleições de 2026, o candidato à Presidência deveria não só conceder indulto ao pai dele, mas brigar com o Supremo por isso, se for preciso.
“Estou fazendo uma análise de cenário. Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá”, declarou, na ocasião.
O anúncio desta sexta também mantém a extrema direita e a direita sob o comando da família Bolsonaro, em um momento em que parte dos governadores busca protagonismo junto a esse eleitorado.
Na saída da PF, na terça, o senador disse que pediu desculpas para a madrasta, Michelle Bolsonaro (PL), pela briga envolvendo o palanque do PL no Ceará e explicou ao pai a situação. O senador também atribuiu o episódio a um “ruído de comunicação” e disse que Michelle estava no núcleo duro do PL.
Flavio Bolsonaro, 44, é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro com Rogéria Nantes Nunes Braga. Nascido em Resende, no interior do estado do Rio de Janeiro, formou-se em direito na Universidade Cândido Mendes e tem especialização em políticas públicas pelo Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e em empreendedorismo pela FGV.
Sua carreira na vida pública começou em 2003, quando se elegeu, no Rio de Janeiro, ao cargo de deputado estadual pela primeira vez. Foi reeleito em 2006, 2010 e 2014. Disputou as eleições para a prefeitura da capital fluminense, em 2016, mas acabou em quarto lugar – Marcelo Crivella sagrou-se vitorioso, na ocasião. Dois anos depois, conseguiu se eleger ao cargo de senador.
Ao longo de sua carreira política, Flavio passou por diferentes partidos: PP, PFL, PSC, PSL, Republicanos, Patriota e, finalmente, PL.
Como mostrou a Folha, as apostas de aliados de que Flávio seria o nome de Bolsonaro se intensificaram nos últimos meses, quando ele assumiu a linha de frente do ex-presidente nos bastidores políticos e passou a adotar uma defesa pública mais enfática e dura do pai contra o STF (Supremo Tribunal Federal).
Parte dos políticos do centrão, por sua vez, preferia que a escolha fosse por Tarcísio, apostando que o governador teria mais viabilidade eleitoral e poderia unir a direita e a extrema direita. O governador, no entanto, segue dizendo publicamente que será candidato à reeleição.
A avaliação -que, para alguns, era mais um temor- era que o ex-presidente confia mais em seus filhos e acharia justo manter o espólio eleitoral no clã. Dentro dessa lógica, Flávio seria o nome mais viável, já que Eduardo está nos Estados Unidos.
Por outro lado, o ex-presidente dava sinais contraditórios. Em determinado momento, segundo relatos, ele já chegou a dizer que não quer sua família em cargos do Executivo, por acreditar que seus ocupantes são mais suscetíveis que os parlamentares a supostas perseguições do Judiciário.
Dos filhos, Flávio sempre foi o mais moderado e defendia uma anistia “a todos, inclusive a [Alexandre de] Moraes”. Mais recentemente, adotou tom mais crítico e passou a defender o impeachment do ministro do STF.





