Inteligência artificial é o tema do momento: está nas manchetes e nas conversas de executivos de todos os setores. Dificilmente alguém participa de um evento de negócios hoje sem que o assunto surja em algum painel ou debate.
Mas a verdade é que tecnologia, por si só, não resolve nada. Não existe IA que funcione sem atacar de frente uma dor de negócio. IA por IA é só espuma.
Nos últimos anos, vimos um salto na adoção dessa tecnologia. Segundo a McKinsey & Company, 78% das empresas já utilizam IA em pelo menos uma área, contra 55% no ano anterior. A Stanford University aponta que o investimento privado em IA nos Estados Unidos atingiu 109 bilhões de dólares em 2024. Mesmo assim, apenas 5% das companhias afirmam extrair valor real dessas iniciativas. Isso mostra que adotar IA é fácil. O difícil é gerar impacto com ela.
Na prática, a maioria das organizações ainda tenta encaixar IA no fim do processo, como um bônus tecnológico sobre uma lógica analógica. É o mesmo que tentar turbinar um motor sem repensar o carro.
Ser uma empresa AI-first é o oposto. É começar pelo problema e desenhar o processo inteiro com a tecnologia no centro da decisão, da execução e da experiência. É pensar no produto, nos dados e na infraestrutura desde o início para que a IA seja parte da engrenagem, não um acessório.
Essa mentalidade se reflete nas empresas que nascem digitais: elas não enxergam IA como ferramenta, mas como base estrutural. No mercado financeiro, por exemplo, é o que permite reduzir de dias para horas o tempo de análise e cadastro de operações de crédito, automatizando verificações e eliminando gargalos manuais.
Em outras indústrias, o mesmo raciocínio vale para processos de autenticação, verificação documental e detecção de fraudes: atividades que antes exigiam alto volume de trabalho humano e hoje podem ser feitas em segundos com algoritmos bem treinados.
Esses são exemplos de como a IA pode gerar impacto concreto quando aplicada a problemas reais. Ela acelera fluxos, melhora a produtividade, reduz custos e aumenta a segurança, criando valor tangível para empresas e consumidores.
Mas o ponto central é que ser AI-first não é sobre ter IA. É sobre pensar com IA. Significa entender que ela não é um departamento, e sim um modo de operar. Culturalmente, é aceitar que decisões precisam ser orientadas por dados, que produtos são testados e ajustados em ciclos curtos, e que o erro rápido é parte do aprendizado. Todos os times devem pensar com IA, do desenvolvedor ao executivo.
Quando a tecnologia se torna parte do raciocínio do negócio, ela deixa de ser promessa e passa a ser prática. O valor deixa de vir do discurso sobre inovação e vem da capacidade de resolver problemas reais.
No fim das contas, a mentalidade AI-first é sobre isso: entender e trazer soluções às dores dos clientes, com impacto mensurável em seus processos e mantendo o foco em construir o sistema financeiro que o futuro vai exigir.






