O câncer de pele é o tipo mais comum de câncer no mundo. E uma nova pesquisa publicada no periódico JAMA Dermatologia indica que incluir um simples comprimido de vitamina na rotina diária pode reduzir de forma significativa o risco de desenvolvê-lo.
O suplemento em questão é a nicotinamida, uma forma da vitamina B3 barata e amplamente disponível. Segundo o The Conversation, pesquisadores observaram que ela reforça os mecanismos naturais de reparo da pele após danos solares, reduz a inflamação e ajuda o sistema imunológico a identificar e eliminar células anormais. Diante disso, no futuro, talvez possa ser usada como uma estratégia complementar no tratamento da doença.
Pesquisadores de vários centros dos Estados Unidos, incluindo da Universidade de Michigan e do Hospital Brigham and Women’s, analisaram registros de saúde de mais de 33.000 veteranos americanos com histórico de câncer de pele. Foram comparados 12 mil com câncer de pele que tomaram 500 mg de nicotinamida duas vezes ao dia por mais de um mês com outros 21 mil que não a tomaram. Pelos resultados, o primeiro grupo apresentou um risco 14% menor de desenvolver novos casos de câncer de pele. O efeito foi ainda mais expressivo quando o consumo foi iniciado logo após o primeiro diagnóstico, resultando em uma redução de 54% no risco de novos tumores.
Mas o benefício diminuiu quando a suplementação começou apenas após várias recorrências, sugerindo que o momento de início do uso é decisivo. O efeito, destaca o artigo de Justin Stebbing, professor de Ciências Biomédicas da Anglia Ruskin University, foi observado nos dois principais tipos de câncer de pele – o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular cutâneo -, sendo particularmente mais forte no segundo, que tende a ser mais agressivo e apresentar maior risco de complicações.
Ainda não se sabe como a nicotinamida se comporta ao longo de períodos muito longos, nem se o benefício é igualmente robusto em populações mais diversas, já que, na pesquisa, a maioria dos participantes era formada por homens brancos. Outro ponto é que ela não englobou pessoas que nunca tiveram câncer de pele.
E, por ser um estudo observacional, não é possível comprovar a causalidade, embora a consistência com ensaios randomizados anteriores fortaleça a confiança nos resultados. Os autores, agora, estão planejando um ensaio clínico prospectivo para confirmar os achados.