SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O inquérito policial sobre o suposto furto de materiais esportivos da Nike no Corinthians teve desdobramentos. O vice-presidente Armando Mendonça notificou extrajudicialmente Marcelo Munhoes, diretor de TI do clube, e Reginaldo Nascimento, coordenador de sistemas, questionando a validade da auditoria interna que apontou falhas na gestão dos produtos.
VICE QUESTIONA AUDITORIA INTERNA DE PRODUTOS DA NIKE
A reportagem teve acesso ao conteúdo da notificação, anexada ao inquérito, que foi recebida por Munhoes na última segunda-feira. Mendonça alega que o relatório de auditoria apresenta “impropriedades técnicas e jurídicas” e faz “acusações e insinuações” sobre sua conduta e a de terceiros, mas sem apresentar “evidências mínimas, base documental idônea ou rastreabilidade probatória”.
A notificação enviada pelos advogados de Armando Mendonça -e assinada também por ele- exige a exibição integral das provas em um prazo de 72 horas. O documento pede a inclusão de logs de sistema, requisições assinadas, recibos e a cadeia de custódia de cada evidência.
O documento pede uma retificação pública e retratação sobre o conteúdo não comprovado no prazo de cinco dias. Além disso, o vice pediu que todos os documentos físicos e digitais relacionados à investigação, incluindo e-mails e trocas de mensagens, sejam preservados.
Por fim, caso as exigências não sejam atendidas, Mendonça afirma que adotará medidas judiciais contra os auditores -como processo por calúnia, difamação e denunciação caluniosa- e estatutárias no âmbito do SCCP.
Às autoridades, Munhoes classificou o teor da notificação como “intimidatório” e ressaltou que a auditoria interna foi um pedido da presidência. O funcionário havia prestado depoimento à Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), na semana passada, para a mesma investigação.
Após o fato, César Saad, delegado que conduz o caso, intimou Armando Mendonça a prestar esclarecimentos. Procurado, Armando disse que “notificou (no dia 10/11/25) os signatários do documento intitulado auditoria somente após sua conclusão (3/11/25), visando à preservação de seus direitos”.
O Corinthians e o chefe do departamento de tecnologia não se manifestaram sobre o assunto até o momento. Caso haja resposta, esse texto será atualizado.
GESTÃO DE RISCO
A reportagem apurou que a auditoria interna de Munhoes, concluída recentemente, detectou nove pontos de “não conformidade” e sete riscos na gestão de materiais, que é de responsabilidade de Mendonça. A conclusão da investigação interna foi encaminhada ao presidente do Timão.
O inquérito foi instaurado pela Polícia Civil após o Ministério Público identificar a possível prática de furto qualificado de materiais destinados ao Corinthians e suposta “comercialização paralela”.





