RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo sueco anunciou nesta terça (1º) a compra de quatro C-390 Millennium da Embraer, tornando o país sueco o nono destino de exportação do avião de transporte da fabricante brasileira.
O anúncio foi feito por Peter Sandwall, o número 2 da Defesa da Suécia, que tornou-se membro da aliança militar Otan em 2024, rompendo com dois séculos de neutralidade devido à invasão russa da Ucrânia.
Ele está no Rio participando da LAAD, tradicional feira bienal de defesa e segurança. “Estamos orgulhosos de dar mais este passo”, disse Sandwall. Ele confirmou que a aeronave será comprada em uma espécie de consórcio com Holanda e Áustria -este um país europeu próximo da Otan, mas não seu integrante.
A via contrária do acordo, cujos valores não foram divulgados, ainda patina. Brasil e Suécia negociam desde 2023 uma venda casada na qual os europeus trocam seus antigos cargueiros Hércules por C-390 e a Força Aérea Brasileira adquire um lote suplementar dos caças Gripen.
Ainda não há consenso, segundo a reportagem ouviu de pessoas a par das tratativas, sobre como será feita a ampliação da frota de 36 para 50 aeronaves sem a necessidade de um novo contrato.
O aditivo é previsto em lei, mas há minúcias complicadas e o fato de que isso implicará um gasto extra de talvez R$ 4 bilhões no longo prazo, algo politicamente custoso em meio ao incerto cenário fiscal.
A compra dos suecos em conjunto com holandeses e austríacos, cujo contrato já existe, deve acelerar a entrega dos aviões, mais conhecidos por sua designação KC-390, que é a configuração capaz de reabastecimento aéreo -no jargão militar, o K significa essa capacidade, e C indica aeronave de transporte.
Com isso, o KC-390/C-390 chega a seis países da Otan, abrindo um mercado antes dominado pelo venerando modelo americano C-130 Hércules. O avião da Embraer, desenvolvido a partir de uma encomenda da FAB, foi vendido no âmbito da aliança a Portugal (5 aeronaves), Hungria (2), Eslováquia (3), República Tcheca (2) e Holanda (5).
Além da Áustria (4 aviões), também o adquiriram a Coreia do Sul (3) e um cliente não revelado, que o mercado em geral avalia ser o Uzbequistão (2).
O foco da Embraer está direcionado para países com frotas pequenas, como Chile e Marrocos, e também para grandes negócios potenciais com Índia e Arábia Saudita -que, juntos, podem encomendar mais de cem aviões.
Tudo isso indica a necessidade de mais uma linha de produção, no exterior. A fabricante paulista já negocia isso com indianos e sauditas. Na Europa, a área de defesa da Embraer controla uma fabricante portuguesa e associou-se a uma empresa polonesa, visando ampliar a produção de peças para o KC-390 no continente.
O avião tem sido elogiado pelos operadores atuais, Brasil, Portugal e Hungria. A frota atual tem 93% de disponibilidade e 99% de conclusão de missões.
“Essas aeronaves também ampliarão as sinergias europeias existentes em interoperabilidade, treinamento e suporte ao ciclo de vida”, disse Bosco da Costa Júnior, presidente da Embraer Defesa & Segurança.
O maior operador individual até aqui é o Brasil, com 7 de 19 aviões encomendados voando.