Ao contrário do senso comum, que associa o pico da performance cognitiva à juventude, um estudo recente sugere que o cérebro humano atinge sua melhor performance global entre os 55 e 60 anos. A pesquisa, publicada na revista Intelligence e repercutida pelo Daily Mail, reuniu dados de mais de 67 mil pessoas com idades entre 12 e 69 anos, medindo 16 traços relacionados à personalidade, cognição e bem-estar emocional.
Os cientistas combinaram essas medidas para formar um índice de funcionamento mental geral. O resultado apontou que, embora a velocidade de processamento e a memória declinem com a idade, outras capacidades como autoconhecimento, estabilidade emocional e consciência continuam a se desenvolver até a terceira idade.
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Um equilíbrio entre perdas e ganhos
A análise revelou que o pico da capacidade mental não ocorre em um único ponto da vida, mas sim a partir da interação de diferentes fatores que amadurecem em ritmos variados. Traços de personalidade como estabilidade emocional e consciência apresentaram melhorias contínuas até os 60 anos. Já as habilidades cognitivas brutas, como memória e raciocínio rápido, tendem a decair após os 30 anos.
Essa combinação cria uma curva em forma de sino no desempenho mental: após um crescimento constante, o auge ocorre entre os 55 e 60 anos, seguido por um declínio mais acentuado depois dos 65. O estudo sugere que, mesmo com perdas em áreas específicas, o cérebro compensa com ganhos em outras dimensões.
O valor da experiência e da maturidade
Esses dados reforçam a importância da maturidade para funções que exigem julgamento refinado, controle emocional e tomada de decisões complexas, características essenciais em posições de liderança e responsabilidade. Em vez de focar apenas na velocidade de resposta ou agilidade cognitiva, o estudo aponta para o valor das competências desenvolvidas com a idade.
Para David Weiss, um dos coautores da pesquisa, a noção de envelhecimento como processo puramente degenerativo precisa ser revista. Em declarações ao Daily Mail, ele afirma que “alguns aspectos do funcionamento psicológico atingem seu ponto mais alto mais tarde na vida do que se acreditava anteriormente”.
O estudo também chama atenção para o impacto de fatores biológicos no declínio cognitivo após os 60 anos. De acordo com os pesquisadores, esse declínio pode estar associado a mudanças metabólicas, inflamatórias e vasculares no cérebro, aspectos que merecem atenção em futuras políticas de saúde preventiva.
Com que idade cada traço cognitivo atinge o pico:
- Raciocínio: 18 anos
- Amplitude de memória: 18 anos
- Velocidade de processamento de informações: 18 anos
- Flexibilidade cognitiva: 18 anos
- Extroversão: 18 anos
- Empatia cognitiva: 25 anos
- Abertura a novas experiências: 35 anos
- Inteligência emocional: 40 anos
- Gentileza: 50 anos
- Conhecimento: 65 anos
- Conscienciosidade: 65 anos
- Educação financeira: 65 anos
- Estabilidade emocional: 75 anos
- Raciocínio moral: 75 anos
- Resistência ao viés do custo irrecuperável (capacidade de abandonar uma estratégia ou curso de ação quando é benéfico, mesmo depois de investir pesado nele): 80 anos






