Entenda as Mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) com a Nova Lei de 2024
Em 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou um projeto de lei que altera de maneira significativa as regras de concessão e renovação do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A medida visa reduzir os gastos públicos e melhorar o equilíbrio das contas do governo. Embora o projeto tenha sido sancionado com dois vetos, ele traz mudanças importantes para quem depende desse auxílio, especialmente no que diz respeito à forma de cadastro e aos critérios para a elegibilidade. A seguir, explicaremos os detalhes dessas mudanças e o impacto que elas terão nos beneficiários.
O Que é o Benefício de Prestação Continuada (BPC)?
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um auxílio assistencial previsto pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), destinado a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade social, que não têm meios de prover sua própria subsistência. A principal característica desse benefício é que ele não exige contribuição prévia à Previdência Social, o que o torna uma importante ferramenta de inclusão para populações em situação de risco.
O BPC assegura a transferência de um salário mínimo mensal a seus beneficiários, mas para isso é necessário que a renda familiar per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo, além de outros requisitos específicos.
A Nova Lei e Suas Principais Mudanças
A nova legislação sancionada por Lula tem como principal objetivo reformular o BPC e a maneira como ele será concedido a partir de agora. A mudança mais notável é a exigência de cadastro biométrico para os beneficiários do BPC e de outros programas sociais, como o Bolsa Família. A seguir, vamos detalhar as principais alterações trazidas pela nova lei.
1. Cadastro Biométrico Obrigatório
Com a sanção da nova lei, o cadastro biométrico passa a ser obrigatório para a concessão e renovação do BPC, exceto em casos onde haja dificuldades de acesso ou condições excepcionais que impeçam a coleta dos dados biométricos. Para essas situações, o governo se compromete a disponibilizar atendimento itinerante ou outros meios alternativos de coleta de dados.
Essa mudança visa a modernização dos processos de inclusão social e a prevenção de fraudes nos benefícios sociais. Além disso, ela facilita o acesso às informações, melhorando o acompanhamento do perfil dos beneficiários e a transparência nos pagamentos.
2. Mudança nos Critérios de Elegibilidade
Um dos pontos mais polêmicos da nova lei foi a alteração dos critérios para a concessão do BPC. A exigência de comprovação de deficiência moderada ou grave, que constava no texto original, foi vetada pelo presidente Lula. Esse ponto foi amplamente debatido durante a tramitação do projeto no Congresso, mas a justificativa para o veto foi de que essa medida poderia gerar insegurança jurídica e afetar negativamente a concessão de benefícios a pessoas que necessitam de apoio.
Com a alteração, o BPC continuará sendo concedido a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade social, mas sem a exigência de comprovação do grau da deficiência. A definição dos novos critérios será feita por meio de um regulamento que será apresentado em 2025.
3. Atualização do Cadastro Único
Outra mudança importante é a obrigatoriedade da atualização do Cadastro Único a cada 24 meses, o que visa garantir a veracidade dos dados dos beneficiários. Caso a atualização não seja realizada, o BPC poderá ser suspenso. Isso trará mais controle sobre a situação dos beneficiários e ajudará a evitar que recursos públicos sejam destinados a pessoas que não atendem mais aos requisitos do programa.
Entretanto, essa atualização não será exigida em localidades onde a implementação da biometria não for viável. Nesses casos, serão oferecidos meios alternativos para o cadastro e manutenção do benefício.
4. Alteração no Cálculo da Renda Familiar
A nova lei também modifica o cálculo da renda familiar para a elegibilidade ao BPC. A partir de agora, a renda do cônjuge que não mora na mesma residência não será mais considerada no cálculo. Isso representa uma mudança em relação ao texto original, que incluía todos os rendimentos dos membros da família, independentemente de onde morassem.
No entanto, os rendimentos dos familiares que residem no mesmo endereço continuarão sendo levados em conta para definir se o beneficiário se encaixa nos critérios de vulnerabilidade social.
5. Notificações Antecipadas
Uma medida importante da nova lei é a exigência de que as notificações de suspensão do BPC sejam feitas com 90 dias de antecedência. Isso visa garantir que os beneficiários tenham tempo suficiente para regularizar sua situação ou recorrer da decisão, evitando surpresas e proporcionando maior transparência no processo.
Veto ao Projeto de Lei
O presidente Lula exerceu dois vetos sobre o projeto de lei que visam garantir maior segurança jurídica e evitar possíveis impactos negativos no acesso aos benefícios. O primeiro veto foi em relação à exigência de comprovação de deficiência moderada ou grave para o BPC, enquanto o segundo se referiu às regras de retorno de beneficiários ao programa Bolsa Família.
Esses vetos não significam o fim das mudanças propostas, mas sim ajustes que serão analisados pelo Congresso. O governo já havia feito um acordo para garantir que os vetos não atrasassem a aprovação do projeto e, caso os vetos sejam derrubados, novas discussões poderão ocorrer.
O Impacto das Mudanças para os Beneficiários
As mudanças estabelecidas pela nova lei terão um impacto direto nos beneficiários do BPC. Embora a implementação do cadastro biométrico possa trazer mais segurança e transparência para o programa, ela também pode ser um desafio para quem não tem acesso fácil à tecnologia. Nesse caso, o atendimento itinerante e os meios alternativos propostos devem minimizar esses obstáculos.
Outra mudança importante é a atualização do Cadastro Único, que garantirá que apenas aqueles que realmente precisam do benefício o recebam. Para os beneficiários, isso pode ser tanto uma vantagem quanto um desafio, já que a não atualização pode resultar na suspensão do benefício.
Expectativas para o Futuro do BPC
O governo também se comprometeu a apresentar, em 2025, um novo projeto de lei para regulamentar o acesso ao BPC para pessoas com deficiência. Essa mudança deve trazer ainda mais clareza sobre os critérios de concessão e renovação do benefício, assegurando que ele atenda às necessidades de quem mais precisa.
As mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) em 2024 refletem uma tentativa do governo de melhorar a gestão dos programas sociais e, ao mesmo tempo, reduzir os gastos públicos. Embora a exigência de cadastro biométrico e a atualização do Cadastro Único possam representar desafios para alguns beneficiários, essas medidas têm o objetivo de tornar o processo mais eficiente e transparente. Resta agora acompanhar como as novas regras serão implementadas e quais impactos terão para as pessoas que dependem desse auxílio.