SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Gustavo Feijó, diretor de futebol masculino da CBF, condenou as falas de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira contra técnicos estrangeiros durante evento realizado na sede da entidade, nesta terça-feira (04), e que teve presença de Carlo Ancelotti.
Feijó definiu as falas como deselegantes, preconceituosas e desnecessárias. O dirigente destacou que é preciso acolher os profissionais estrangeiros assim como os brasileiros são abraçados em outros países.
“As declarações feitas durante o Fórum Brasileiro de Treinadores, dirigidas ao técnico Carlo Ancelotti e aos profissionais estrangeiros que atuam no Brasil, foram, no mínimo, deselegantes, para não dizer de outra forma, e não refletem o verdadeiro sentimento do povo brasileiro.
Assim como queremos que nossos treinadores sejam tratados com respeito fora do país, também devemos acolher com consideração os profissionais que escolhem trabalhar aqui. Opiniões divergentes fazem parte do debate, mas falas preconceituosas e desnecessárias não contribuem para o processo de reconstrução e valorização do nosso futebol”, disse Feijó nas redes sociais.
O “climão” aconteceu durante o Fórum de Treinadores Brasileiros. Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira fizeram um discurso e acabaram desabafando contra a presença de treinadores estrangeiros em clubes e na seleção brasileira.
“Eu sempre disse que não gosto de treinador estrangeiro no meu país, falo na frente da nossa casa. Não mudo a minha opinião, mas tenho de ser inteligente o suficiente para dizer que nisso tem um culpado: nós. Nós treinadores somos os culpados da invasão de treinadores que não têm nada a ver com isso. Não falamos de nome ou nacionalidade, mas de erros nossos”, falou Leão.
“Eu também sou favorável à presença de treinadores brasileiros nos clubes e na seleção, mas confesso que não tem jeito, tem de ser um estrangeiro. Torci para ser este homem [Ancelotti]. Não tem jeito. É um ganhador de títulos e trabalhou com todos os jogadores brasileiros na Europa […] Tomara que nós cheguemos a ter novamente os treinadores brasileiros brilhando, dirigindo os clubes e, é claro, quando o Ancelotti for embora depois de ser campeão no ano que vem, que volta um brasileiro para a seleção”, disse Oswaldo de Oliveira.
Ancelotti, que até recebeu uma homenagem, assistiu às falas direto do palco. O italiano, que tem noção da resistência que enfrenta por ser estrangeiro, não reagiu e nem sequer respondeu.
A CBF entendeu as falas deselegantes e desnecessárias, principalmente considerando que a própria entidade tinha cedido o espaço e seu treinador.
Diretor da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF), Alfredo Sampaio discursou depois e repudiou a fala de Oswaldo de Oliveira. Mais tarde, a organização publicou uma nota de repúdio.
NOTA DA FBTF
A Federação Brasileira de Treinadores de Futebol – FBTF, entidade representativa dos profissionais que dignificam e constroem diariamente a história do futebol brasileiro, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio às declarações e à postura inaceitável do ex-treinador Oswaldo de Oliveira, que, durante a realização do 2º Fórum de Treinadores de Futebol de Futebol, de forma desrespeitosa e desnecessária, proferiu palavras que atingiram a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – instituição que, com respeito e espírito de colaboração, abriu as portas de sua sede para receber o evento e acolher os treinadores brasileiros.
Nós, treinadores de futebol, sabemos que o futebol não tem fronteiras. O técnico Carlo Ancelotti é um profissional extremamente competente, com enormes conquistas e que merece todo respeito da categoria dos Treinadores.
A FBTF considera inadmissível que um profissional que, ao longo de sua carreira, ocupou espaços relevantes no cenário nacional e internacional, utilize sua fala de maneira desequilibrada e ofensiva para desqualificar colegas de profissão e propagar discursos de desprestígio ao esforço coletivo de uma categoria que, com tanto empenho, busca reconhecimento e valorização em meio a inúmeros desafios estruturais e institucionais.
A Federação lamenta profundamente o ocorrido, que manchou o espírito de união e diálogo que marcou o evento, idealizado justamente para fortalecer a classe dos treinadores e promover o respeito entre todos os agentes do futebol.
Por fim, a FBTF apresenta suas sinceras desculpas ao Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Sr. Samir Xaud, à diretoria da CBF, em especial, ao técnico Carlo Ancelotti, reafirmando a admiração, o respeito e o reconhecimento dos treinadores brasileiros pelo trabalho sério e pela contribuição de todos os que engrandecem o futebol.






