O presidente da Associação de Secretários de Agricultura dos EUA (Nasda), Ted McKinney, avaliou de forma positiva as recentes conversas entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de reduzir as tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil. Ele participou, como convidado especial, do Agro Horizonte, evento que a Globo Rural realiza nesta quarta-feira (29/10), em Brasília.
“Seu presidente falar com o nosso, é disso que a gente precisa. Brasil e Estados Unidos se ajudaram mutuamente nos últimos anos. E um não está tentando tirar vantagem da fraqueza do outro, mas reconhecendo que tem um ponto sensível”, disse.
Subsecretário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos durante o primeiro governo de Donald Trump, McKinney avaliou que o presidente americano não é simpático ao multilateralismo porque não acredita em resultados positivos de negociações com muitas partes envolvidas.
McKinney avaliou que as regras do comércio internacional mudaram nos últimos anos. E disse que não causa surpresa saber que “muitos” atribuem as tensões comerciais ao presidente americano. Ponderou, no entanto, que é preciso avaliar a situação além da retórica do presidente Donald Trump e tentar entender em que direção sua postura está apontando.
“Nosso presidente parece gostar do uso de tarifas porque são rápidas como medida, têm robustez, causam medo. Eu não sei onde isso vai acabar, mas tudo o que ele está buscando é um comércio justo. E acho que estamos jogando um jogo justo”, argumentou.
Questionado sobre as relações entre Estados Unidos e China, ele reconheceu que o fato do país asiático não comprar soja americana neste momento traz uma preocupação para os agricultores americanos. Mas criticou a postura do governo chinês, que, em sua visão, está “fazendo algumas coisas que os Estados Unidos e outros países não gostam”.
“A China está sentada em vários traits biológicos que poderiam ter uma contribuição para todos nós. Os agricultores não podem usar porque não foram aprovados”, criticou.
Para McKinney, a ausência de vendas de soja para a China é uma questão puramente política. Defendeu medidas de apoio aos agricultores americanos, ressaltando, no entanto, não ter certeza de que medidas o governo poderia adotar. Pontuou apenas que, em algum momento, pode ser necessária a realização de pagamentos diretos aos produtores americanos.
Vale lembrar que esta semana, a estatal chinesa Cofco comprou os primeiros carregamentos de soja americana de 2025/26, a serem entregues entre janeiro e fevereiro.
Críticas à União Europeia
O CEO da Nasda também criticou a União Europeia. Em sua avaliação, o bloco migrou “pesadamente” sua política para a adoção de regras ambientais mais rigorosas, como a lei antidesmatamento. E tenta impor a outros países como manejar sua produção agropecuária. “Minha paciência acabou e a do nosso presidente, também”, afirmou.
Diante da situação, países que têm seu agronegócio afetado pela legislação europeia devem atuar de forma conjunta. “Eu estou muito ciente de tudo o que o Brasil faz nessa área. A Europa diz que, talvez, vocês não tenham ido longe o suficiente. Nós somos ‘net plus’ (carbono positivo) em árvores há muito tempo. Poderíamos nos reunir para lidar com isso, conversar em conjunto”, disse.
Ainda que o momento atual seja de tensões comerciais, Ted McKinney defendeu por diversas vezes que Brasil e Estados Unidos devem trabalhar de maneira conjunta. Lembrando que, até certa medida, os dois países são concorrentes no comércio agrícola, ressaltou que são semelhantes na produção e no uso de tecnologia no campo.
“E a beleza é que somos contra-cíclicos”, ressaltou, lembrando da diferença de calendário da safra de grãos brasileira e americana. “Fomos feitos para essa colaboração”, acrescentou.






