O uso de tecnologias de autenticação baseadas em biometria, como impressão digital e reconhecimento facial, cresce a cada ano e já é uma realidade em muitas instituições financeiras, no setor de saúde, varejo, educação e outros.
Enquanto a biometria facial é um termo mais amplo que se refere à tecnologia de autenticação de identidade através do rosto, o reconhecimento facial é uma aplicação específica da biometria que se concentra na identificação de indivíduos em tempo real.
Do desbloqueio de smartphones à autenticação bancária e ao controle de acesso a prédios residenciais e empresas, são tecnologias que oferecem cada vez mais conveniência e segurança. E, graças à integração da inteligência artificial e machine learning, alcançam um novo patamar com maior precisão, adaptabilidade e eficiência.
Tendências para o Futuro:
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Para se ter ideia de sua expansão, o mercado de biometria no mundo movimentou até agora US$ 60 bilhões. Para 2029, a estimativa é de que esse montante ultrapasse US$ 120 bilhões, segundo a Mordor Intelligence.
Já o mercado global de reconhecimento facial foi avaliado em US$ 6,42 bilhões em 2024 e projeta-se que cresça para US$ 35,14 bilhões até 2035, de acordo com a Market Research Future Analysis – os principais impulsionadores incluem o aumento dos investimentos governamentais neste tipo de tecnologia e a crescente demanda por sistemas avançados de videovigilância.
“Do ponto de vista tecnológico, a revolução que apareceu e se consolidou no Brasil há três anos e agora tomou uma nova cara, é a da tecnologia de liveness detection, ou prova de vida. Muitas soluções de biometria de cinco anos atrás, na maior parte do mundo, elas não tinham essa camada de liveness”, afirma Davi Reis, Tech Advisor da Unico, empresa de tecnologia para validação de identidade.
O liveness é um recurso avançado utilizado para distinguir rostos reais de tentativas de fraude durante processos de autenticação facial, como no caso dos pagamentos por reconhecimento facial. A fintech Payface, por exemplo, de olho em um cenário em que golpes digitais e tentativas de fraudes crescem em ritmo acelerado, evoluiu sua tecnologia com múltiplas camadas de proteção e lançou, em 2024, o Fortface: um SDK de biometria e liveness que integra algoritmos avançados de IA e aprendizado de máquina para fornecer autenticação biométrica precisa e confiável.
“O produto tem sido utilizado em grandes operações de varejo e bancos, resolvendo uma dor muito grande, que é prevenir fraude sem denegrir a usabilidade, ou seja, não ficar tentando várias vezes usar o rosto para fazer um processo dentro de um aplicativo”, explica Eládio Isoppo, CEO e fundador da Payface.
Fraudes, vieses algorítmicos e falta de regulamentação clara
As soluções com IA devem continuar a ditar os próximos passos do mercado de reconhecimento e biometria facial e fomentar um maior interesse por soluções de alto desempenho com capacidade para aprimorar a análise e as respostas em tempo real.
No entanto, a tecnologia traz um dos principais desafios de segurança da biometria e reconhecimento facial. “O avanço da inteligência artificial é o que levou ao reconhecimento facial ser hoje o que é. Só que existe uma característica da IA que pode afetar o funcionamento do reconhecimento facial: os vieses algorítmicos, que podem gerar erros e discriminação”, diz Eduardo Felipe Matias, colunista da Época Negócios e sócio da área empresarial de Elias, Matias Advogados.
Segundo Matias, o acesso desigual à rede e a sub-representação de certos segmentos da população distorcem os conjuntos utilizados para treinar os sistemas, que acabam reproduzindo – e muitas vezes ampliando – desigualdades já existentes. No caso do reconhecimento facial, isso se traduz em bases compostas majoritariamente por imagens de homens brancos, o que produz taxas de erro mais altas entre mulheres e homens não brancos.
Outros desafios de segurança da biometria e reconhecimento facial incluem fraudes (como uso de fotos e deepfakes) e vulnerabilidade de dados. Segundo análises da Unico, foi identificado um aumento de 488% em fraudes sofisticadas, no Brasil, no primeiro semestre de 2025, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Nesse contexto, o aumento do volume de autenticações da companhia alimenta um efeito de rede em que cada verificação aprimora ainda mais a inteligência de seu sistema. Prestes a superar a marca de um bilhão de autenticações anuais, a Unico, em 2024, evitou R$ 3,2 bilhões em fraudes com as suas soluções.
A falta de uma regulamentação clara e específica para o uso do reconhecimento facial no Brasil também é um grande desafio desse mercado, levantando preocupações sobre violações de privacidade. Embora a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) forneça diretrizes gerais, não existe uma legislação federal específica que discipline de forma abrangente o uso dessa tecnologia, especialmente na segurança pública.
“Enfrentamos um pacing problem, que é o descompasso entre a rápida inovação e a lentidão da regulação para acompanhar o ritmo. E nessa diferença de ritmo você acaba tendo lacunas”, reforça Matias.






