Uma pesquisa recente realizada pela consultoria LADbible, em parceria com a empresa de pesquisas ResearchBods, revelou um dado significativo sobre os hábitos da geração Z: 70% dos jovens britânicos afirmam que seu primeiro contato com o sexo foi por meio da pornografia online. Embora seja uma pesquisa local, ela reflete uma tendência global: segundo pesquisa da Statista, 87% dos homens entre 18 e 35 anos, e cerca de 28,5% das mulheres na mesma faixa etáriao assistem pornografia pelo menos uma vez por semana.
O levantamento, feito em setembro com cerca de 5.300 jovens entre 18 e 29 anos, também mostrou que 45% dos entrevistados veem a pornografia como uma das principais fontes de informação sobre sexualidade, segundo reportagem da Mashable.
Consumo precoce e preocupações com o impacto
Os dados da pesquisa indicam ainda que 63% dos participantes tiveram contato com pornografia antes dos 16 anos de idade, e 5% antes dos 10. Dentro desse grupo mais jovem, quase metade passou a consumir esse tipo de conteúdo diariamente.
Além disso, metade dos entrevistados declarou estar preocupada com a quantidade de pornografia que consome, e 34% afirmaram sentir culpa após assistir. Esses números sugerem um desconforto crescente entre os jovens com relação à sua relação com o conteúdo adulto.
A divulgação do estudo coincidiu com o lançamento do estúdio digital For Fck’s Sake Productions*, iniciativa que pretende produzir conteúdos de educação sexual para jovens adultos. A ação conta com apoio de entidades como a ONG Fumble, voltada à educação sexual, a fundação Movember, que trata da saúde mental masculina, e a plataforma de terapia Pivotal Recovery.
Lucy Whitehouse, CEO da Fumble, afirmou em comunicado à imprensa que “a pornografia pode ser uma forma divertida de explorar a sexualidade, mas torna-se problemática quando molda a percepção do que deve ser a intimidade sexual na vida real”. Segundo ela, esse é um dos principais pontos que precisam ser enfrentados.
A pesquisa também serve de base para um apelo ao governo britânico para que invista em programas mais robustos de educação sexual. A proposta sugere que o ensino sobre sexo e relacionamentos para adolescentes de 16 a 18 anos seja conduzido por especialistas, e não apenas por professores, além da criação de um centro nacional de apoio e orientação sobre o tema.
Desconexão entre realidade e representação
De acordo com os envolvidos no estudo, o consumo desenfreado de pornografia (em especial, os vídeos de acesso gratuito, com conteúdo mais explícito e violento) pode distorcer a compreensão dos jovens sobre consentimento, intimidade e expectativas sexuais. Essa desconexão entre ficção e realidade é vista como um desafio para o desenvolvimento saudável da sexualidade.
Jordan Stephens, músico e ator britânico que participa da iniciativa, destacou no lançamento da campanha a importância de abordar o tema com mais honestidade: “Metade de nós aprende sobre sexo por meio da pornografia, e estamos nos comparando constantemente ao que vemos na tela.”
Embora o consumo de pornografia não esteja oficialmente classificado como transtorno psicológico pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), estudos anteriores já apontaram que a sensação de vício pode estar associada a fatores emocionais, como estresse e culpa, e não apenas à frequência de uso.






