O objeto interestelar 3I/ATLAS, descoberto em julho, continua sendo objeto de curiosidade de especialistas, que tentam conseguir mais detalhes sobre o cometa. Agora, observações mais recentes, feitas entre 31 de outubro e 4 de novembro, mostram que o objeto provavelmente perdeu uma quantidade significativa de massa durante seu encontro com o Sol e também mudou ligeiramente de trajetória, apresentando uma aceleração não gravitacional, ou seja, uma aceleração que não pode ser explicada apenas pela gravidade.
Segundo o site IFL Science, o que mais desperta o interesse é como o objeto foi afetado pela radiação solar durante sua aproximação máxima, chamada de periélio, que aconteceu no final do mês passado. Até agora, ele já apresentou algumas surpresas, como uma rara cauda invertida (anti-tail), proporções incomuns de ferro e níquel, e um brilho anormal conforme se aproximava do Sol.
Quando os cometas são aquecidos, eles perdem massa por sublimação: os gelos voláteis em sua superfície vaporizam, e a conservação do momento faz com que o objeto sofra uma aceleração correspondente. A partir das observações mais recentes, foi possível estimar quanta massa foi perdida nesse processo.
“O 3I/ATLAS deve ter perdido mais de 13% de sua massa próximo ao periélio, no cenário natural”, escreveu o astrônomo Avi Loeb, de Harvard, em um post de blog.
É uma grande perda de massa, mas não algo inédito para um cometa, apontou o IFL Science. Se o cometa realmente perdeu essa massa (ou algo próximo a isso), novas observações devem revelar uma nuvem de gás significativa ao seu redor, além de um aumento perceptível no brilho. De fato, as medições mais recentes mostram que ele brilhou cerca de cinco vezes mais na faixa verde, indicando que o objeto continua se comportando como um cometa.
Mudança de cor
Além disso, o cometa interestelar 3I/ATLAS pode estar desenvolvendo um tom azulado após passar por um rápido e inesperado de aumento de brilho enquanto estava escondido atrás do Sol. Esta é a terceira vez que especialistas registram uma possível mudança na cor do cometa — mas, até agora, nenhuma delas se manteve, segundo o site Live Science.
No dia anterior ao periélio, informou o portal, dois pesquisadores que analisavam dados de sondas que ainda conseguiam observar o 3I/ATLAS revelaram que o cometa havia aumentado de brilho em várias ordens de magnitude após desaparecer de vista — algo que não pode ser totalmente explicado apenas por sua proximidade ao Sol.
No mesmo artigo, os pesquisadores também escreveram que o cometa parece estar “notavelmente mais azul que o Sol”, o que surpreendeu, já que essa coloração não havia sido observada antes. Segundo eles, essa mudança de cor provavelmente resulta da liberação de algum gás específico, como monóxido de carbono ou amônia.
Os cientistas observaram que o tom azulado contrasta fortemente com a coloração avermelhada vista nas primeiras observações, provavelmente causada por poeira desprendida da superfície do cometa. Depois, em setembro, o cometa chegou a parecer esverdeado, possivelmente devido à presença de dicarbono ou cianeto em sua coma (a nuvem de gás e poeira que o envolve). O estudo ainda não foi revisado por pares.






