A tripulação da nave Shenzhou-20, que deveria retornar à Terra na última quarta-feira (5), permanece em órbita após suspeita de impacto por um fragmento de lixo espacial. A Agência de Voos Espaciais Tripulados da China (CMSA) confirmou, neste domingo (9), que o retorno foi adiado por tempo indeterminado enquanto técnicos avaliam possíveis danos à cápsula, segundo o site Xataka Espanha.
Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie continuam acoplados à estação espacial Tiangong, onde estão seguros. A prioridade é verificar se a nave ainda suporta a reentrada atmosférica, considerando que mesmo pequenos detritos podem causar danos graves a componentes críticos como o escudo térmico ou os paraquedas.
Inspeções e alternativas de resgate
A CMSA não detalhou a localização exata do impacto nem quais dados indicaram o problema. Subordinada ao comando militar, a Agência não opera com a mesma transparência de agências como NASA e ESA. Engenheiros em terra, junto à tripulação, realizam verificações de telemetria, testam sistemas de navegação e propulsão, e monitoram possíveis vazamentos. O braço robótico de 10 metros da estação poderá ser usado para inspeção visual, e não se descarta uma caminhada espacial para avaliar danos de perto.
Entre as alternativas de retorno, estão: reparar a cápsula em órbita, usar a nave Shenzhou-21 como “bote salva-vidas” com ajustes complexos nos assentos, ou lançar uma nova cápsula vazia, como ocorreu em 2023 com a Soyuz MS-23 russa. Cada opção apresenta riscos e desafios inéditos.
Enquanto isso, a rotina na Tiangong segue intensa. Os astronautas dividem espaço com a tripulação recém-chegada da Shenzhou-21, e realizam experimentos científicos, como testes com vermes aquáticos planos e instalação de novos escudos contra detritos. Exercícios físicos diários e refeições embaladas a vácuo mantêm a saúde da equipe.
Um vídeo da emissora estatal CCTV mostrou os astronautas preparando asinhas de frango em um forno elétrico adaptado para a ausência de gravidade, marcando o primeiro churrasco espacial da história chinesa. As imagens viralizaram rapidamente nas redes sociais, mostrando pedaços de carne flutuando antes de serem servidos.
Apesar da apreensão, a tripulação está ciente dos riscos. Parte da missão de seis meses já incluiu reforços de proteção contra detritos orbitais, instalados em setembro. O impacto, porém, atingiu justamente a nave destinada ao retorno, complicando os planos de pouso seguro.
O incidente evidencia um problema crescente da exploração espacial: o aumento contínuo de lixo orbital. Situações semelhantes já afetaram missões como a Soyuz MS-22 e a cápsula Starliner, demonstrando que mesmo fragmentos minúsculos podem comprometer seriamente o retorno de astronautas.





