Pesquisadores da Northwestern University, nos Estados Unidos, alcançaram um marco inédito na física aplicada: o teletransporte quântico de informações pela internet comercial. O feito, descrito em artigo citado pelo ScienceAlert, demonstra que é possível transmitir dados de forma instantânea entre dois pontos distantes usando as propriedades do entrelaçamento quântico — e sem depender de uma infraestrutura dedicada.
O experimento envolveu a transferência de um estado quântico de luz, e não matéria física, por mais de 30 quilômetros de cabos de fibra óptica utilizados em redes de internet convencionais. Isso significa que o sinal viajou junto ao tráfego normal de dados, sem interferências perceptíveis.
É a primeira vez que a chamada teleportação quântica ocorre nesse tipo de ambiente, considerado caótico e sujeito a ruídos e perdas.
Um passo em direção à internet quântica
A equipe da Northwestern explica que o resultado é parte de um projeto que visa criar uma internet quântica, capaz de conectar computadores quânticos e dispositivos fotônicos com segurança e velocidade muito superiores às das redes tradicionais.
O teletransporte quântico funciona quando duas partículas estão entrelaçadas, ou seja, compartilham um mesmo estado quântico independentemente da distância. Ao alterar o estado de uma delas, a outra muda instantaneamente, um fenômeno que Albert Einstein descreveu como “ação fantasmagórica à distância”.
Na prática, os cientistas conseguiram enviar informações sobre o estado quântico de um fóton para outro local, onde ele foi recriado com precisão. Nenhuma partícula viajou fisicamente entre os pontos, mas o conteúdo quântico foi reproduzido de forma instantânea.
Estabilidade em condições reais
Um dos desafios históricos da física quântica é manter a coerência quântica — a estabilidade das partículas entrelaçadas — em distâncias longas e ambientes com ruído. O avanço da Northwestern mostra que isso é possível mesmo em redes comerciais, aproximando o conceito de aplicações práticas em segurança de dados, comunicações e computação.
A meta dos pesquisadores é expandir o experimento para redes urbanas completas, interligando universidades, centros de pesquisa e, futuramente, usuários domésticos. “Trata-se de um passo fundamental para tornar real a internet quântica”, destacaram os autores do estudo.
Segundo o ScienceAlert, o avanço coloca os Estados Unidos em posição de destaque em uma corrida global que envolve também China, Japão e União Europeia, todos investindo pesadamente em redes quânticas seguras e ultrarrápidas.






