SÃO PAULO, SP (CBS NEWS) – O cantor Djavan disse que, se fosse hoje, teria outro posicionamento em relação à publicação de biografias não autorizadas. Há 12 anos, ele ficou ao lado dos artistas do grupo Procure Saber em defesa da exigência de autorização prévia para a comercialização de livros biográficos.
O cantor e compositor alagoano, que acaba de lançar o disco “Improviso”, afirma que, hoje, teria outra postura. “Na época das biografias não autorizadas, meu posicionamento foi voltado ao coletivo, ao que aquele grupo meu, o Procure Saber, pensava.”
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“Mas eu acho que a biografia não autorizada é mais interessante do que a biografia autorizada. É ali onde você pode buscar uma informação mais crua, mais viva -melhor, na minha opinião. Hoje, o meu posicionamento teria sido outro”, ele diz.
Além de Djavan, o Procure Saber tinha como fundadores Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Erasmo Carlos. Sob liderança da presidente e porta-voz do grupo, Paula Lavigne, eles se uniram a Roberto Carlos, que chegou a tirar de circulação obras sobre sua vida.
Na época, Djavan afirmou em nota enviada ao jornal O Globo que “tais biografias, do modo como é hoje, ela, a liberdade de expressão, corre o risco de acolher uma injustiça, à medida em que privilegia o mercado em detrimento do indivíduo; editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação”.
Ele diz agora que seguiu o grupo que integrava. “Embora eu não achasse aquilo normal -aquele posicionamento, na época-, eu era participante de um grupo. Eu disse que sim e, naturalmente, assumo aquilo. Mas hoje eu não assumiria.”
O Supremo Tribunal Federal, o STF, decidiu há dez anos que a publicação de biografias não necessitaria de autorização prévia do biografado ou de sua família. O tribunal considerou inconstitucional por configurar uma forma de censura.
Djavan, que nunca gostou muito de ter sua vida exposta, conta que está ficando mais flexível com a chegada da idade. Tema do musical “Vidas pra Contar”, o alagoano afirma que num primeiro momento foi contra e não queria ter sua trajetória retratada no teatro.
“É sempre uma coisa difícil para mim, que não sou muito afeito à superexposição e que tenho uma vida mais escondida. Não gosto muito de festas, convivo sempre com as mesmas pessoas, num ambiente contido -pouca gente, família, alguns amigos”, diz.
O cantor também afirma que pode ser tema de um documentário feito pelo cineasta George Gachot, que já retratou gente como Martinho da Vila e Maria Bethânia na telona. “Vai acabar rolando, porque a gente vai ficando mais velho e vai perdendo a resistência, né? As pessoas vão tomando conta da nossa vida de um modo irreversível. É um horror, mas faz parte.”
Djavan lançou o disco “Improviso”, o 26º de sua carreira, nesta terça-feira. O álbum conta com uma música que ele fez nos anos 1980 para Michael Jackson gravar, uma homenagem a Gal Costa e dá continuidade à sua investigação do amor em canção.






