Irmãs e sobrinha Franciulli estão à frente da Padaria Italianinha, que funciona ainda no mesmo ponto desde a fundação no bairro do Bixiga, em São Paulo Fundada em 1896 por Filippo Ponzio, a Padaria Italianinha carrega a história de gerações no coração do Bixiga, em São Paulo. Inicialmente batizada de Lucânia, a padaria mudou de nome nos anos 1960, quando foi adquirida pelo também imigrante Rafaelli Franciulli.
Hoje, são as netas de Rafaelli que comandam a empresa, mantendo viva a tradição dos pães artesanais e da cozinha tipicamente italiana. A quarta geração já chega com a sobrinha, Nathalia Franciulli, envolvida no negócio centenário.
Com 128 anos em atividade, o comércio continua no mesmo endereço e preserva o forno original. Hoje, a padaria ocupa apenas 20 metros quadrados, o espaço que correspondia ao antigo depósito, após parte do imóvel original ser desapropriado para o alargamento da rua Rui Barbosa. Mesmo assim, a essência do negócio permanece inalterada.
A mesma tradição é mantida na cozinha: o padeiro é quem faz os cortes nos pães, pois a padaria não tem modeladora. Tudo é feito artesanalmente. Além do mais, o fermento natural usado na panificação foi trazido pelo patriarca Franciulli da Itália há mais de cem anos — e é mantido guardado “a sete chaves”, sem chances de ser dividido com os muitos interessados.
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Sandra divide a gestão e a sociedade da Italianinha com suas irmãs – Elaine, Vivian e Solange. Cada uma desempenha um papel específico, do atendimento ao público à administração, mantendo vivo o espírito de união do negócio familiar.
“Desde crianças somos envolvidas com a padaria; trabalhamos atrás do balcão desde pequenas”, conta Vivian. Nathalia é quem produz todos os antepastos e ajuda no atendimento nos fins de semana — e se mostra a sucessora da quarta geração.
Tradição e exclusividade
A Italianinha, como o próprio nome sugere, é especializada em produtos do país europeu, como pães recheados, massas frescas, doces típicos e antepastos. O pão recheado com linguiça calabresa é o carro-chefe da casa e, só dele, são vendidas cerca de 450 unidades por mês. Pães italianos de vários tipos são, da mesma forma, bastante procurados, somando em torno de 8 mil unidades mensais.
A padaria oferece uma vasta gama de itens, como focaccias, gnocchi, cannoli e tiramisu. Muitas receitas originais não saem do cardápio, mas a adaptação aos tempos modernos é evidente.
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“Mantemos os clássicos, mas atendemos a pedidos atuais, como a criação de novos patês”, comenta Sandra. No total, são 19 tipos de antepastos, produção que chega a 200 quilos por mês (usados também em lanches). Sardela — outro item muito procurado ao lado da alichela — soma aproximadamente 100 quilos mensais.
As mudanças não envolveram apenas sabores, mas também o tamanho das porções, consequência das transformações da própria sociedade. “As famílias hoje são menores, então as porções de massas passaram a ser fracionadas em embalagens menores. Os pães tamanho família, que antigamente eram vendidos todos os dias, agora só fazemos nos fins de semana”, ilustra a empreendedora.
No entanto, algumas tradições, como os cardápios especiais para Páscoa e Natal, seguem firmes e fortes. Sempre no fim do ano, a Italianinha disponibiliza pratos com receitas da família, que incluem opções como pernil ao vinho e chester recheado com farofa de linguiça, os favoritos da data até hoje.
Desafios da modernidade
Apesar da longevidade, a Italianinha enfrenta desafios contemporâneos inevitáveis. Segundo Sandra, a dificuldade em encontrar colaboradores comprometidos, especialmente padeiros, é uma das maiores barreiras para formar equipe — a atual é composta por nove funcionários.
“Antigamente, os filhos aprendiam observando seus pais na padaria. Hoje, isso quase não acontece. Também falta comprometimento dos jovens”, desabafa.
Outro ponto de adaptação foi a implantação de delivery, que ganhou força durante a pandemia e trouxe resultados positivos naquela época. Atualmente, são cerca de 800 pedidos mensais para entrega, mas o foco continua sendo o atendimento presencial.
“Nos finais de semana, temos filas. As pessoas procuram vir conhecer a nossa loja e nós queremos oferecer uma experiência que desperte memórias afetivas”, pontua a irmã Franciulli. É por isso que, depois de algumas tentativas de expansão, a família decidiu manter o mesmo espaço e trabalhar dentro da capacidade de produção, mantendo as características da casa.
Com tantos anos em atividade, a Italianinha coleciona histórias com a clientela. “Os clientes antigos nos conhecem desde crianças, sabem da nossa trajetória. Recebemos muito carinho de quem nos acompanha a vida inteira. Quem antes vinha com os pais, hoje trazem seus netos. Seus olhares e falas demonstram a nostalgia e emoção que sentem”, finaliza Sandra.
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