LONDRES, INGLATERRA (UOL/FOLHAPRESS) – Há sete meses da Copa do Mundo de 2026, Matheus Cunha é um dos nomes considerados certos na lista final de Carlo Ancelotti.
Polivalente, o atacante do Manchester United esteve em todas as convocações do treinador italiano (acabou cortado em uma delas) e foi titular no melhor jogo da seleção brasileira nos últimos anos: a vitória por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul.
Só que nem sempre foi assim: em 2022, ele ficou fora da lista de convocados por Tite, e a sua reação ficou registrada em um vídeo, que ele mesmo publicou em suas redes sociais.
Três anos depois, o atacante foi perguntado pela reportagem sobre aquele momento, e disse que a ausência no Mundial do Catar mudou sua forma de ver e viver muitas coisas: as frustrações e as realizações profissionais e pessoais, por exemplo.
“Aquilo foi uma experiência negativa, uma experiência de muita dor, mas sem dúvida nenhuma me fez aprender a ser mais forte hoje em dia. Então eu lido hoje com frustrações de outra forma, eu lido com realizações de outra forma, então eu acho que eu chego muito mais maduro comparado ao Matheus de três anos atrás”, disse o meia-atacante.
“Quando trata-se do seu sonho, não tem como você medir o quanto aquilo é importante, então não sei como será a minha reação se Deus quiser ser convocado para a Copa do Mundo e como também se não for, vai ser algo que não sei se eu vou lidar da mesma forma”, acrescentou.
O QUE MAIS CUNHA DISSE
Momento e versatilidade
“Estar na seleção brasileira sem dúvida é o momento em que você tem que demonstrar seu máximo em qualquer aspecto. Sabendo que o Mister pode nos usar em muitas posições, fazer com que todas sejam bem trabalhadas e seja demonstrado que vale a pena estar aqui. Em um campeonato de tiro curto, muito rápido, que podem acontecer lesões, isso ajuda bastante para voltar e estar aqui e demonstrar para ele que, independentemente da forma com a qual ele jogar, vai valer a pena”.
Casemiro disse que Copa é sem rede social
“Acho que ele está correto na afirmação. Eu acho que a rede social é algo que chegou para ajudar todo mundo, independente de onde você está. Lembro quando as pessoas estavam longe de casa e sem rede social era impossível se comunicar. Então, eu acho que nesses aspectos é tão legal e tantas outras profissões e milhões de motivos positivos que a rede social trouxe, mas sem dúvida nenhuma ela tem um peso muito grande na nossa realidade, principalmente sabendo que a gente impacta tantas pessoas, que tantas pessoas nos acompanham o tempo inteiro e tantas pessoas têm suas opiniões. E às vezes essas opiniões podem nos afetar de uma forma negativa. E eu acho que a gente também está tão blindado já do tempo, eu acho que principalmente no momento de Copa do Mundo, no momento de campeonato da seleção brasileira, qualquer momento com a seleção brasileira é um momento muito importante, é o nosso sonho, é o sonho de todo mundo. Então, eu acho que a gente já tem todo o feedback necessário para participar e suportar qualquer tipo de adversidade. É um ponto muito importante saber trabalhar a rede social, e se for mais fácil deixar a rede social de lado, eu acho que isso ajudará bastante porque você consegue viver muito mais da sua realidade, não propriamente estar vivendo o que é a realidade de pessoas que estão de fora”.
Influência dos técnicos estrangeiros na vida
“Eu acho que tudo que a gente pode aprender é de uma experiência, de uma importância gigantesca. Então para mim não foi diferente. Desde novinho eu saí do Brasil. De João Pessoa a Curitiba, de Curitiba para a Suíça. O primeiro grande passo para mim na carreira, quando eu chego na Suíça, já é uma cultura diferente. A própria Suíça já é cheia de diferentes culturas. Relembrar toda a minha caminhada é ter a certeza de que todos esses treinadores de tantas diferentes culturas e nacionalidades me ajudaram de alguma forma e me ensinaram alguma coisa para estar aqui. Isso me ajuda muito a ter uma versatilidade muito grande”.
Presença constante
“Estar aqui agora e saber da sua importância vindo em outras convocações dá uma certa responsabilidade de saber que você já tá fazendo parte de uma forma mais firme, de uma forma onde você já começa a demonstrar com exemplos o porquê você tá aqui. Já começa a entender que o grupo está se fechando cada vez mais e sem dúvida nenhuma você quer fazer parte disso. Fico muito feliz e orgulhoso de estar sempre fazendo parte, mas essa versatilidade, tantos questionamentos de onde eu posso jogar, eu acho que, independente de onde for, é demonstrar que qualquer posição é muito mais do que a versatilidade. É a certeza de onde ele me colocar naquele momento eu vou estar apto para demonstrar aquilo que precisa e o porquê eu venho sendo convocado”.
Já tem tranquilidade em dia de convocação?
“Tranquilidade nenhuma. A última vez eu estava andando com meu cachorro dentro de casa. Eu acho que é muito nosso sonho estar aqui, sabe? Então, por mais que você já tenha vindo algumas vezes, você já tenha uma certa confiança de que foi legal o trabalho demonstrado na última, você sempre tem uma ansiedade muito grande da próxima, porque sabe o quanto a competitividade é grande. Você sabe a quantidade de bons jogadores que tem no Brasil. Sem dúvida nenhuma aquilo mexe contigo, deixa ansioso, deixa o orgulho quando sai seu nome na lista. Não só seu, mas de toda a sua família. Então, eu acho que também não fica uma coisa muito clara de que tipo, vai ser o próximo, principalmente pela quantidade de jogadores que nós temos. Mas também fica uma certa confiança interna de que quanto melhor você demonstrar o trabalho, mais chances você tem para a próxima. Mas é difícil lidar com essa confiança e com essa ansiedade ao mesmo tempo. Eu prefiro tentar não ver. Mas que bom que eu não estou vendo e sendo convocado, espero continuar assim”.
Diferença entre os ciclos
“Então, eu acho que a comparação dos dois períodos foi completamente diferente. Eu comecei nesse período com o Diniz e eu volto agora. Fui convocado uma vez com o Dorival e volto agora, mas eu não passei muito pelo meio do período. Eu estava um pouco distante, claro, com muitos amigos aqui dentro que comentam bastante. Mas também passei bastante do período anterior, pós-Olimpíada, que já chega no período mais próximo da Copa do Mundo. Então, o que eu vejo é que tinha uma estabilidade maior realmente no período passado. Eu acho que até o ciclo que o Tite participou já era muito longo, seis anos junto da seleção, duas Copas do Mundo. Então eu acho que ele também já tinha uma certa experiência para lidar com tudo isso. E da forma dele, ele escolheu ter um grupo mais fechado, com mais tranquilidade. Esse ciclo é diferente, né? Tem muitos jogadores vindo para seleção para demonstrar que podem estar aqui. Muitos treinadores que também tiveram a oportunidade de participar. Apesar da instabilidade que esse ciclo teve, eu acho que a gente chega num momento onde tá tudo muito claro para todo mundo que vem. O objetivo, sem dúvida nenhuma, sempre foi o mesmo, mas agora eu acho que com o norte muito mais firme, muito mais claro pra todo mundo. Essas coisas ajudam bastante para a gente vir para cá, entender o que tem que ser feito e comprar uma ideia de que as coisas serão dessa forma. Faremos o possível para chegar ao final desse ciclo com os sonhos de todo mundo conquistados”.
O quanto você se sente na Copa
“É engraçada a sua pergunta porque acabo de responder que até pra ver a convocação tem certa ansiedade. Como é seu sonho, é sempre muito difícil você ter uma certa tranquilidade, mas eu tento não pensar nisso, sendo muito sincero. Eu tento pensar no próximo passo. Sempre muito feliz e honrado de poder ser convocado a estar na seleção, então eu só penso no agora. Eu tento fazer o melhor possível pra agora pra ter um pouco mais de tranquilidade na próxima e ter um pouco mais de confiança na próxima convocação, mas sem dúvida nenhuma com um certo passo, com um certo tempo, com um certo período dentro das últimas convocações do Mister. Eu sinto que eu faço mais parte dos últimos entendedores da ideia dele, dos que ele já fazia um pouco mais de tempo, do que ele já tá sentindo que tem uma certa. A firmeza dentro daqueles que ele já convoca há um certo tempo. Tento não pensar, mas fazer o possível para que seja algo que marque bastante ele e que nas próximas a gente possa sempre estar por aqui”.
Como é esse grupo atual?
“São jovens jogadores com bastante experiência. Muitos já passaram pelo período de seleção brasileira, já sentiram o que é perder com a seleção, mas também o que é ser vitorioso. O objetivo final é a Copa do Mundo. Então, está muito claro que o vitorioso aqui dentro vai ser quando a gente conquistar a Copa do Mundo. Internamente a gente sente isso. É um grupo com muita fome, com muita vontade de trabalhar e de demonstrar para todo mundo a nossa capacidade. A gente conversa muito sobre isso, tenta muito encontrar um caminho para que todos aqueles sucessos que a gente tenha fora da seleção, a gente consiga ter aqui dentro. Como é nosso sonho e o motivo de muito orgulho estar vestindo essa camisa, a gente cada vez mais deixa o grupo mais forte. Temos um entendimento um pouco maior do que a comissão técnica nos pede. Todos vêm com o mesmo objetivo. É um grupo que está se formando com muito caráter, com muito comprometimento, com muita vontade de retribuir tudo que foi dado a nós pelo nosso sonho”.





