A Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, está no centro de uma controvérsia judicial após ser acusada de baixar ilegalmente conteúdos pornográficos para treinar sistemas de inteligência artificial. A denúncia foi movida pela produtora de filmes adultos Strike 3 Holdings, que identificou downloads de seus vídeos realizados a partir de endereços IP corporativos da Meta.
Segundo reportagem da Ars Technica, a Meta refutou a acusação, classificando-a como infundada e baseada em “especulação e insinuações”. A empresa solicitou ao tribunal a rejeição do processo, argumentando que não há evidências de que tenha usado esse tipo de conteúdo para treinar qualquer modelo de IA.
Contexto do caso
A Strike 3 Holdings afirma que a Meta teria utilizado uma “rede oculta” com mais de 2.500 endereços IP disfarçados para baixar aproximadamente 2.400 filmes adultos. A alegação principal é de que esse material teria sido utilizado para alimentar um modelo de IA ainda não anunciado, voltado para geração de vídeos, algo que a Meta nega.
Em sua defesa, a empresa argumenta que os downloads mencionados ocorreram desde 2018, período anterior ao início de seus projetos com modelos generativos de vídeo, o que enfraqueceria a hipótese de que o conteúdo teria sido usado para treinamentos.
Uso pessoal, não corporativo
A Meta sustenta que os vídeos baixados estão mais relacionados a consumo pessoal, não a atividades institucionais. Os registros mostram cerca de 22 downloads por ano em média, número considerado pequeno diante da escala normalmente associada à coleta de dados para inteligência artificial.
Ainda de acordo com a empresa, os acessos podem ter sido feitos por qualquer pessoa com conexão à rede da companhia, como contratados, visitantes ou terceiros. Não há, segundo a defesa, provas de que funcionários da Meta tenham direcionado ou tido conhecimento prévio das ações.
Um exemplo citado envolve um contratado que teria realizado downloads da casa do pai, sendo posteriormente identificado como engenheiro de automação, função sem vínculo direto com o desenvolvimento de IA. A empresa reforça que o fim do contrato coincidindo com o fim dos downloads não implica responsabilidade institucional.
A Meta também questiona a lógica da acusação sobre o suposto uso de uma “rede oculta” para mascarar downloads. Segundo a empresa, não faria sentido usar tanto IPs corporativos rastreáveis quanto IPs supostamente anônimos para uma mesma prática, se o objetivo fosse esconder a atividade.
A companhia também reforça que seus termos internos de uso proíbem a geração de conteúdo adulto por sistemas de IA, o que contradiria qualquer interesse em treinar modelos com esse tipo de material. Um porta-voz da Meta declarou à Ars Technica: “Não queremos esse tipo de conteúdo, e tomamos medidas deliberadas para evitar esse tipo de treinamento.”
	    	





