Um estudo da Wake Forest University School of Medicine, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, aponta que o risco de desenvolver demência pode estar relacionado ao CEP onde uma pessoa vive.
A pesquisa, divulgada pelo portal ScienceDaily, mostrou que moradores de bairros com alta vulnerabilidade social e ambiental apresentam alterações no cérebro associadas à doença de Alzheimer e a outros tipos de demência.
Os resultados reforçam uma tese crescente na neurociência: fatores estruturais, como renda, qualidade da moradia e exposição à poluição, influenciam diretamente a saúde cognitiva, especialmente ao longo da vida adulta e na velhice.
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Como o estudo foi realizado
A análise envolveu 679 adultos participantes do projeto Healthy Brain Study, conduzido pelo centro de pesquisa sobre Alzheimer da universidade americana. Todos os voluntários passaram por exames de imagem cerebral e testes sanguíneos que identificam biomarcadores ligados a doenças neurodegenerativas.
Esses dados foram cruzados com três índices nacionais dos Estados Unidos que avaliam condições socioambientais por região: o Area Deprivation Index (ADI), o Social Vulnerability Index (SVI) e o Environmental Justice Index (EJI). Esses indicadores mensuram variáveis como renda, qualidade do ar, estrutura de moradia e resiliência comunitária.
Os impactos no cérebro e a desigualdade racial
Os participantes que viviam em áreas com pontuação elevada nesses índices – ou seja, regiões com maior nível de desvantagem – apresentaram alterações cerebrais significativas. Entre os principais sinais detectados estavam o afinamento do córtex cerebral, modificações na substância branca associadas a doenças vasculares e irregularidades no fluxo sanguíneo cerebral.
Essas alterações estão diretamente relacionadas ao comprometimento da memória e ao declínio cognitivo. O estudo também destacou que os efeitos foram mais intensos entre participantes negros, refletindo disparidades históricas no acesso a condições de vida saudáveis.
“Este estudo é consistente com outras pesquisas que mostram como o ambiente social pode impactar profundamente a saúde cerebral”, afirmou Timothy Hughes, professor da universidade e autor sênior do trabalho, segundo o ScienceDaily.
Sudarshan Krishnamurthy, autor principal do estudo e doutorando na Wake Forest, destacou que os dados evidenciam a necessidade de medidas estruturais para proteger a saúde mental das populações. “Se quisermos melhorar a saúde cerebral de forma ampla, precisamos focar nas estruturas sociais e ambientais que moldam o cotidiano das comunidades”, disse ao portal.
Os autores defendem que políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade do ar, segurança alimentar, moradia adequada e oportunidades econômicas podem reduzir o risco de demência em larga escala.






