O Brasil integra o seleto grupo das maiores economias do planeta. É o único dessa elite sem um Prêmio Nobel. Entre os BRICS, também ostenta essa “exclusividade”, em contraponto à Rússia (30 prêmios), Índia (13) e China (8).
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Não é veleidade: trata-se de fragilidade estrutural. O país segue incapaz de transformar capital científico em capital simbólico, reputacional e econômico. E isso enfraquece sua marca.
Paradoxalmente, o Brasil gera neurocientistas, geneticistas, especialistas em inteligência artificial e físicos que são autoridades globais em áreas estratégicas. Aplaudidos no exterior, moldam o futuro, mas seguem invisíveis para a maioria dos conterrâneos.
Se muitos lembram de cor a escalação campeã da distante Copa de 2002, poucos sabem que Ana Helena Ulbrich bate um bolão no campo da inteligência artificial. E “joga” no mesmo clube que Elon Musk e Sam Altman: a lista da Time com os 100 nomes mais influentes do mundo em IA.
A maioria também ignora que Rosaly Lopes, há três décadas na NASA, está no Guinness Book como recordista de descobertas em uma das luas de Júpiter. Sem falar do professor da Duke University Miguel Nicolelis. Pioneiro em interfaces cérebro-máquina, é o Vini Jr. da neurociência!
A ausência de visibilidade no país natal não é questão de ego, mas de criar referências. O sucesso molda sonhos e inspira vocações desde a mais tenra idade. Vitórias mobilizam a sociedade e mudam trajetórias, inclusive em ciência e tecnologia.
No Brasil, isso é tangível no esporte. Basta ver como Rayssa Leal levou o skate para dentro das casas brasileiras. Saber sobre Rosaly talvez levasse ao espaço. E como Guga Kuerten atraiu legiões ao tênis, Ana Helena pode acender o desejo por carreiras em IA.
Na verdade, o sonho deveria ser dos pais, ter seus filhos crescendo como futuros Nicolelis. Mas boa parte sequer sabe desses craques brasileiros, cobiçados pelas maiores empresas e universidades do mundo.
São nomes como o do pós-doutor Sérgio Ferraz Novaes, que colabora com o poderoso laboratório de física CERN, na Suíça, onde se descobriu a Partícula de Deus; Mayana Zatz, referência mundial em genética; Suzana Herculano-Houzel, lenda viva da neurociência; e José Nelson Onuchic, autoridade global em dobramento de proteínas.
Fosse outra a relação do país e dos pais com a educação, seriam nomes a ser estampados nas camisas de craques que as crianças adoram. Fosse o storytelling da educação outro, a camisa com o nome de Larissa Suzuki seria bestseller.
Mas a história da diretora técnica do Google, eleita uma das 50 mulheres mais importantes na tecnologia da Europa em 2022, é quase um segredo, apesar de seus mais de 80 prêmios.
Entrou na universidade em Ribeirão Preto aos 15 anos para estudar música, mas se formou em Computação. Fez mestrado na USP, e sua pesquisa foi aplicada à detecção precoce de câncer de mama. Conquistou seu PhD em Londres e, hoje, trabalha no desenvolvimento da Internet Interplanetária.
Quantas meninas dizem “quero ser a próxima Larissa”? Poderiam ser muitas, se conhecessem sua história.
Essa dificuldade de reconhecer e valorizar talentos custa caro à Marca Brasil. Pesa na atração de investimentos, no rating das agências internacionais e na retenção de talentos que partem para florescer. E como bem sabem as empresas, quem não fomenta, atrai e fideliza talentos põe em risco não só o futuro, mas a sobrevivência presente.
Países que investem fortemente na educação e valorizam seus professores, como Suíça e Cingapura, lideram o ranking da competitividade e constroem ecossistemas de inovação reconhecidos mundialmente. Já o Brasil, a despeito do seu PIB, não figura sequer entre os 50 mais competitivos.
Por isso, o Dia do Professor também deveria ser o dia do compromisso com a construção de uma Marca Brasil admirada não só pela beleza natural e eventuais vitórias esportivas, mas pela densidade do capital intelectual.
O Dia do Professor deveria ser visto como o dia do compromisso do Brasil com seu futuro. Porque, sem educação de qualidade, ficaremos cada vez mais longe da Premier League de um mundo que vive a mais veloz revolução do conhecimento já experimentada pela humanidade.
* Suzane Veloso é vice-presidente de Marketing da Falconi






